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Walking tour: turismo express em Belgrado

Os famosos guarda-chuvas coloridos pendurados pela rua. Sendo bem sincera, quando programamos nossa ida à Belgrado, essa era uma das coisas que eu mais queria ver. Mas, assim como em nosso passeio a Zagreb, algumas pedras no meio do caminho mudaram o cronograma da nossa viagem, e vimos nossos dois dias em Belgrado se transformarem em um só, o que nos obrigou a tirar algumas atrações de nosso roteiro.

Chegamos de Sarajevo a Belgrado em um final de tarde não muito convidativo. Do aeroporto, resolvemos pegar um táxi direto para o nosso hostel, o El Diablo. A experiência não foi das melhores: o taxista não era muito simpático, e claramente torceu o nariz quando dissemos que vínhamos de Sarajevo – sim, ainda rola uma antipatia bem grande entre os ex-iugoslavos.

Felizmente, o staff do hostel foi muito mais amável: além de nos atenderem super bem (e, só por isso, ganharem o selo Viaje com Jé de recomendação), também foram super atenciosos e solícitos na hora de nos darem dicas sobre as principais atrações da cidade. Mas, como estávamos bem cansados, resolvemos que nossa noite em Belgrado seria apenas para um jantarzinho mesmo.

aviso banheiro
[Atenção: toda vez que você deixa uma bagunça no banheiro, Justin Bieber compõe uma música nova! Não queremos que isso aconteça, queremos? Limpe depois de usar!] – Não, não queremos que isso aconteça, El Diablo Hostel, obrigada pela dica! ;)

O restaurante escolhido foi o Little Bay, que simula o ambiente de uma ópera. Impossível descrever a cafonice do local: aquela atmosfera exagerada, com direito a balcões e até uma cantora lírica e um pianista interpretando algumas peças famosas. Na verdade, o Little Bay nasceu em Londres, se tornou uma cadeia de restaurantes e expandiu seu serviços também para Belgrado. É kitsch, sim, mas vale a experiência: além do cenário diferente, a comida é simplesmente sensacional – e não muito cara. Para se ter ideia, o prato mais caro, um menu degustação para dois, com costelas de porco com molho barbecue, peito de frango grelhado com mollho de blue cheese, torta de confit de pato com alho-poró e legumes gratinados, sai por pouco mais de 52 reais – um pouco mais, se você contar a perda na hora do câmbio de moedas. E garanto que mal sobra espaço para a sobremesa.

little bay
Little Bay: restaurante que simula o ambiente de uma ópera. Cafoninha, mas legal

 

little bay
Sim, tem balcões e tudo…

 

little bay
Keep Kitsching

Assim, recheados, voltamos a nosso hostel – não sem antes penarmos um pouco para identificarmos o nome das ruas em cirílico, o alfabeto utilizado pelos sérvios (aliás, boa parte das placas está APENAS em cirílico, então fique bem atento e busque um mapa ou aplicativo com essa opção).

Felizmente, quando chegamos ao hostel, o staff fez uma sugestão que melhorou – e muito – nossa experiência na cidade: o Free Belgrade Walking Tour. Como o próprio nome já diz, é um tour à pé por Belgrado – e é grátis. Honestamente, não somos grandes fãs de excursões e experiências desse tipo em viagens, mas, como tínhamos pouco tempo, resolvemos encarar. E não nos arrependemos!

Dia 01

Acordamos cedo, pois tínhamos um cronograma apertado pela frente. Antes de irmos ao walking tour, tínhamos planejado tomar café da manhã no To Je To! – que significa algo como “É isso aí!”, em português. Teoricamente, o restaurante serve um café da manhã típico sérvio, mas isso não sabemos: esperamos quase uma hora na frente de um restaurante que deveria abrir às 9h, e nada. O jeito foi dar um “é isso aí!” pra eles também, comer qualquer coisa (reforçada, pois não teríamos tempo pra almoçar) pelas redondezas e nos apressarmos para pegarmos o walking tour, que começava às 11h.

O passeio sai da Praça da República, na região central de Belgrado, e faz um tour pela região, passando pelos principais pontos turísticos, começando pela história da própria praça: além de possuir alguns dos prédios mais icônicos da cidade, como o Museu Nacional e o Teatro Nacional, abriga também a estátua do Príncipe Mihailo Obrenović III, que persuadiu os Otomanos a abandonarem a Sérvia, em 1862. Um dos aspectos interessantes da praça é a presença de edificações de diversos períodos da história: neoclássicos, comunistas e contemporâneos convivem numa estranha mas singular harmonia.

praça da república
A estátua do Príncipe Mihailo Obrenović III na Praça da República

Depois da praça, o próximo ponto de destaque do tour é a região boêmia (Skadarlija), antigo lar de poetas e artistas da cidade. No século XIX, o local se tornou particularmente famoso por suas kafanas (restaurantes típicos da Sérvia) e pelas celebridades da vida cultural que frequentavam esses lugares. Entre elas, estava o poeta e pintor Đura Jakšić, que inclusive ganhou uma estátua na região. Ali, o passeio – pelo menos o nosso – ficou ainda mais interessante: o guia retirou da mochila uma garrafa de rakija de ameixa (licor típico sérvio, semelhante ao arak árabe) e deu um golinho para cada um. É bem docinha, e deixou o frio mais suportável. 😉

Skdarska, o quarteirão boêmio
Skdarska, o quarteirão boêmio

 

Đura Jakšić (poeta sérvio que viveu e morreu na Skdarska) e rakija: duas coisas boas para conhecer em um walking tour na capital sérvia!
Đura Jakšić (poeta sérvio que viveu e morreu na Skdarska) e rakija: duas coisas boas para conhecer em um walking tour na capital sérvia!

A Rakija é uma forte tradição dos sérvios, sendo até pouco tempo produzida artesanalmente por grande parte da população. Mesmo após a proibição desse tipo de produção pelo governo, algumas regiões mais afastadas, no campo, ainda produzem seus próprios tonéis da bebida (a dose que experimentamos era feita na fazenda do pai do nosso guia). Em seguida, passamos rapidamente pela mesquita Bajrakli, a última existente em Belgrado.

Bajrakli , única mesquista que resta em Belgrado...
Bajrakli , única mesquista que resta em Belgrado…

A próxima parada foi talvez um dos locais mais bonitos e interessantes de Belgrado: o parque Kalemgdan, onde fica a Fortaleza de Belgrado (Beogradska Tvrđava), lugar onde a cidade se originou. A fortaleza é formada por diversos padrões construtivos diferentes, por causa dos diversos povos que dominaram a região e se apropriaram da construção: desde o forte levantado pelos romanos no século I até as reconstruções feitas pelos austríacos, passando também pelas influências dos primeiros Eslavos, que chegaram na região por volta do século VII, e dos Otomanos, que chegaram lá no século XIV.

Forte de Belgrado: onde tudo começou
Fortaleza de Belgrado: onde tudo começou

 

fortaleza de belgrado
#asarquitetapira

Aliás, o nome da capital surgiu em referência às pedras encontradas na região e utilizadas na construção da fortaleza. “Belgrado” nada mais é do que a junção das palavras Beo (branco) e Grad, a Cidade Branca.

Nas muralhas, é possível ver os diferentes materiais e estilos construtivos de cada civilização que dominou a região (romanos, iugoslavos, otomanos, austro-húngaros...)
Nas muralhas, é possível ver os diferentes materiais e estilos construtivos de cada civilização que dominou a região (romanos, iugoslavos, otomanos, austro-húngaros…)

 

fortaleza de belgrado
Stop: photo time!

História à parte, o lugar é mesmo lindo, principalmente por causa da vista para os rios Sava e Danúbio, que se encontram bem em frente à fortaleza. A paisagem é supervisionada por Victor, também conhecido como Pobednik ou a estátua da vitória, que nada mais é que uma escultura de um homem nu posicionada sobre um obelisco, colocada ali em 1928 para celebrar as vitórias sérvias sobre o Império Otomano. Diz a lenda que a estátua deveria ter sido colocada mais ao centro da cidade, mas a nudez incomodou o povo sérvio.

O beijo dos rios Sava e Danúbio
O beijo dos rios Sava e Danúbio

 

o peladão
O peladão

E com essa vista veio mais uma surpresinha do nosso guia: uma pequena degustação de ajvar, uma pasta de pimentões vermelhos com alho, outra iguaria típica do país.

Dali, o tour se encaminhou para o seu fim, em frente à Catedral Ortodoxa (Saborne crkve). Do outro lado da rua fica o famoso bar “?”, que ganhou esse nome depois de perder uma disputa judicial para a catedral, já que o dono do bar queria dar ao estabelecimento o nome de Saborne crkve – ou seja, a mesma denominação da igreja, o que não agradou às autoridade religiosas. No final, o bar acabou se tornando um ponto turístico. 😉

Igreja ortodoxa (religião predominante na Sérvia)
A Catedral Ortodoxa (religião predominante na Sérvia)

 

O bar "?"
O bar “?”

Como o passeio acabou por volta das 15h e nosso travel taxi só sairia às 20h – escolhemos essa forma para ir até Budapeste, já que não conseguimos comprar as passagens Belgrado-Budapeste online -, resolvemos aproveitar o tempo que tínhamos para visitar mais alguns pontos importantes da cidade.

O primeiro local escolhido foi também o mais longe: a Casa das Flores (Kuća cveća), onde fica o mausoléu do marechal Josef Broz Tito, que comandou a antiga Iugoslávia de 1953 e 1980. O lugar também abriga o Museu da História Iugoslava, e é muito legal pra quem quer entender um pouco mais da história da ex-república socialista e também do excêntrico Tito.

A Casa das Flores, mausoléu do general Tit
A Casa das Flores, mausoléu do general Tito

 

Tito
Tito

 

A tumba do Tito
A tumba do Tito

Para chegar lá, é preciso pegar o Trolleybus 40 (de Zvezdara) ou o 41 (do centro de Belgrado). Por via das dúvidas, pergunte ao cobrador por Kuća cveća (se pronuncia algo como “kucha smétcha”), mas não será difícil identificar, já que o local é bem visível da avenida.

Falando em Trolleybus, uma das coisas que reparamos é que pode ser um pouco difícil comprar a passagem – talvez por isso tanta gente ande sem pagar. Isso varia, mas em geral os tickets podem ser comprados nos próprios Trolleys ou nas bancas de jornal – embora você possa ter dificuldade em achar alguma que realmente tenha as passagens.

Depois da visita ao mausoléu do Tito, voltamos até a estação central de Trolley. Dali, caminhamos pela avenida Nemanjina, e na Trg Slavija (rotatória) viramos à esquerda na Prote Mateje. Andamos umas duas quadras até chegar ao Museu Nikola Tesla. Não sei se é uma atração que agrada a todos, mas sou grande fã do cara, e pra mim foi uma experiência imperdível conhecer mais da vida, da obra e ver de perto as cinzas de um dos maiores cientistas dos séculos XIX e XX. Os funcionários do museu fazem inclusive algumas experiências realizadas pelo próprio Tesla com a participação dos visitantes, o que deixa a visita ainda mais legal. Vale a pena!

os restos mortais de Nikola Tesla, ou Никола Тесла
Os restos mortais de Nikola Tesla, ou Никола Тесла

Por fim, nos sobrava pouco tempo e resolvemos ir conhecer a Igreja de São Sava (Hram svetog Save), o maior templo ortodoxo da Europa e uma das 10 maiores igrejas do mundo. Voltamos pela Prote Mateje e na Trg Slavija viramos à esquerda na Svetog Save: lá de longe já é possível vê-la, mas é de perto que ela fascina e assusta. Infelizmente, ainda não está pronta por dentro, mas ainda assim, vale dar uma conferida. Depois da rápida passada, voltamos à pé para o hostel, onde arrumamos nossas coisas e o taxi travel nos esperava para irmos a Budapeste.

Templo de São Sava: maior templo ortodoxo da Europa e uma das 10 maiores igrejas do mundo
Templo de São Sava: maior templo ortodoxo da Europa e uma das 10 maiores igrejas do mundo

 

São Sava por dentro (está inacabada ainda)
São Sava por dentro (está inacabada ainda)

Ainda que eu não gostado tanto de Belgrado quanto de Zagreb e Sarajevo, nossa rápida visita à cidade acabou mostrando mais do que eu imaginava ver em tão pouco tempo. E sabe do que mais? Nem senti falta dos guarda-chuvas coloridos.

Nos vemos na Hungria! 😉







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