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Cartagena: um novo olhar sobre viajar

Nunca fui uma grande fã de destinos turísticos ao estilo ‘ficar na praia torrando no sol o dia inteiro’. Sou daquelas que gosta mesmo é de cidade, me perder pelas ruas e aproveitar ao máximo o tempo para conhecer novos lugares, comidas e experiências. Quando vejo um museu então, meus olhos brilham.

Por isso mesmo, não me atrai muito a ideia de visitar lugares paradisíacos onde o objetivo é ‘não ter objetivo’: ficar de pernas pro ar, tomando um piña colada e vendo a vida passar nas ondas de um mar transparente.

Mas, por conta do pouco tempo que teríamos para tirar férias – e de não querermos gastar muito dinheiro – acabamos não tendo escolha e decidimos optar por um destino na América do Sul. E, por conta de todo o estresse que estava carregando no final do ano, pensei: ‘e se abríssemos uma exceção e fossemos relaxar um pouco?’

Foi assim que, pesquisando locais para visitar, acabamos nos deparando com Cartagena. A cidade colombiana oferecia várias possibilidades de passeio para praias de águas cristalinas e toda a farofagem que se possa imaginar. Mas, além disso, tive a grata surpresa de descobrir que ela é muito mais que isso: Cartagena é também uma cidade repleta de história (já foi o porto mais importante das Américas na Era Colonial), atrações culturais e restaurantes sensacionais. Isso sem falar na influência que teve na obra do escritor Gabriel García Márquez, e que se reflete nas casas e ruazinhas floridas que percorremos ao longo da semana em que passamos lá.

Dia 0

Como contamos quando compramos as passagens, nosso voo saiu de Florianópolis no dia 24/12, fazendo escalas em São Paulo e Bogotá. Antes de tudo, é importante dizer que é melhor comprar pesos colombianos do que dólares para ir para lá. Encontramos a moeda colombiana na casa de câmbio do Banco Safra, no Aeroporto de Guarulhos.

Enfim, chegamos à capital colombiana por volta das 19h; até nos instalarmos no hotel e nos arrumarmos, já eram 21h. Ali, começou nossa saga – infrutífera – por procurar um restaurante para fazermos a ceia de Natal. Em vão: aparentemente, os colombianos são muito tradicionais e passam os Natais com suas famílias. Nossa ceia natalina acabou sendo alguns salgadinhos e chocolates no quarto do hotel. Toda viagem tem desses perrengues, né?

Dia 1

No dia 25/12 pela manhã lá estávamos nós no aeroporto com destino a Cartagena. Quando chegamos, por volta das 10h, já pudemos sentir a diferença: além do calor cartagenense infernal (em Bogotá pegamos cerca de 18 graus à noite), o aeroporto estava lotado, assim como as ruas enquanto nos encaminhávamos para o hotel.

Assim que arrumamos nossas coisas no Hotel Stil Cartagena – bem mediano, por sinal – que fica a poucos metros da parte mais turística da cidade, a Ciudad Amurallada (Cidade Murada), fomos em busca de alguns itens que tínhamos esquecido – como protetor solar – e de algum lugar que estivesse aberto para comermos. Para nossa felicidade, boa parte dos estabelecimentos de serviço da cidade estavam abertos e não tivemos grandes dificuldades.

Em Cartagena, como os cartageneses: começamos nossa experiência gastronômica na cidade em um local simples, porém muito frequentado pelos locais e muito gostoso: o Donde Magola. O restaurante, sugestão no blog Vou sem Guia, serve as famosas arepas rellenas, uma espécie de pastel com os mais diversos recheios. O negócio é fritura pura, mas faz parte da experiência de viagem, não é mesmo?

Depois do almoço nada saudável, fomos dar a primeira de muitas voltas nos muros que cercam a cidade. De cara, você já entende por que Cartagena é tão querida: a vista de cima agrada tanto quem olha para dentro (e vê a linda arquitetura local) quanto quem olha para fora, e vê o mar, a parte nova com seus prédios altíssimos e o Castillo de San Felipe de Barajas (vamos falar sobre ele depois).

arquitetura cartagena
Belezinha de arquitetura!

Como em Cartagena o negócio é não ter pressa, caminhamos calmamente pela muralha, descendo de vez em quando para dar uma olhada nas ruas, que parecem ter saído dos livros de Gabo. Além disso, já aproveitamos e fizemos uma reserva no restaurante El Santísimo para o que seria nossa verdadeira ceia de Natal.

Voltamos ao restaurante às 20h, e nos fartamos com uma das melhores refeições da viagem: apesar de caro, o El Santísimo vale a pena, principalmente para ocasiões especiais. Pedimos entradas, pratos principais e não dispensamos nem a sobremesa. Uma das melhores ceias natalinas que já tive na vida!

el santisimo
Olhem só essas estradas…

Dia 2

O segundo dia começou às 10h30 com um Free Walking Tour pelas ruas de Cartagena. O passeio tem aproximadamente duas horas de duração e começa da Torre del Reloj, um dos ícones turísticos da cidade. A torre marca a entrada da Ciudad Amurallada, e foi edificada no século XIX. Até hoje, é ponto de referência.

torre del reloj
Torre del Reloj

De lá, o tour se encaminha para os principais pontos turísticos da cidade, como a Plaza de la Aduana, a Plaza de los Coches, o Portal de los Dulces (onde compramos doces de frutas e doce de leite), a Plaza Simón Bolívar, o Convento de Santo Domingo, a Catedral de Cartagena, parte da muralha… Sou particularmente fã desses tours pois há certos pormenores das cidades que às vezes só os guias locais conhecem. Por isso, super recomendo! Ao final, não se esqueça de sempre dar uma gorjeta, já que esse tipo de serviço gratuito vive de doações.

Catedral San Pedro Claver
Catedral San Pedro Claver
cartagena
Êêê, Cartagena, aaai!

Depois do tour, lá pelas 13h, fomos visitar o Museo Histórico de Cartagena de Indias, que conta um pouco da história da Inquisição – o tribunal eclesiástico criado pela Igreja Católica na Idade Média para investigar crimes contra a fé católica – nas antigas colônias Espanholas, mais especificamente em Cartagena. A cidade sediava um dos tribunais instituídos na América, e para lá eram levados todos os homens e mulheres acusados de heresia, feitiçaria, bruxaria, judaísmo, islamismo e outras coisas consideradas pecados pelos católicos. O museu fica localizado na casa onde funcionou a Inquisição até 1821.

Entre relatos de pessoas julgadas e condenadas e antigos instrumentos de tortura e de condenação, essa sangrenta história deixa surgir um pouco mais do passado de Cartagena. Bem informativo e interessante, embora o clima seja meio pesado.

Saímos do museu por volta das 15h, varados de fome: para acabar com nosso jejum, nossa escolha para o almoço foi a La Cevicheria, que, como o nome já diz, tem o ceviche como carro-chefe da casa. A comida realmente é deliciosa e fica difícil decidir qual sabor escolher, mas achei um pouco caro. Só mesmo o tamanho do seu bolso pra dizer se vale a pena.

Demos mais algumas voltas pela cidade até às 17h, quando o pôr do sol se aproximava. Resolvemos assistir ao evento no Café del Mar, o dos must go de Cartagena. O bar fica sobre a muralha e todos os dias recebe centenas de visitantes – incluindo nós – para ver o famoso poente.  Em meio à música ambiente e à conversa dos outros clientes, observamos o espetáculo maravilhoso, regado à muita Club Colombia – a melhor cerveja popular do país – e voltamos felizes para o hotel.

por do sol cartagena
Você não está sonhando: esse pôr do sol existe!

Dia 3

Em 27/12, escolhemos o Castillo de San Felipe de Barajas para iniciarmos nosso tour diário por Cartagena. A atração fica a uns 15 minutos de caminhada da Ciudad Amurallada. Pode parecer pouco, mas é o suficiente para você suar muito sob o sol castigador de lá. Ao final, chegamos à fortaleza, compramos nossos ingressos, pegamos nosso audioguia e subimos em direção ao ponto de partida do passeio.

castillo san felipe de barajas
Castillo San Felipe de Barajas

O Castillo de San Felipe de Barajas é a maior obra militar espanhola do mundo. Sua construção foi iniciada em 1536, mas a edificação sofreu inúmeras reformas até 1657. Ela servia principalmente para proteger a região de piratas e invasores de outros países – infelizmente para os espanhóis e cartageneses, a cidade foi tomada algumas vezes por corsários.

Além das curiosidades históricas – que são um prato cheio -, o castillo oferece uma vista maravilhosa da cidade de Cartagena. Esse passeio é com certeza imperdível!

vista castillo san felipe
Gente, olha essa vista…

Depois de cerca de duas horas no forte, descemos e voltamos à Ciudad Amurallada. Lá, pausa para comer uma arepa con queso comprada nos carrinhos dos vendedores na rua – as arepas de rua são diferentes das que comemos no Donde Magola: são feitas na chapa e, na minha opinião, mais gostosas do que as fritas. A gente não sabe muito bem como é que fica a situação higiênica dos carrinhos, mas estamos vivos e passamos bem, então tá bom!

Além das arepas, super populares nas ruas de Cartagena, há muitos carrinhos de frutas, principalmente mamão, manga e melancia. Elas são cortadas em pedacinhos e vendidas em copos de plástico. Eu que sou particularmente fã dessas três, comi o tempo todo! Pelo menos é uma versão saudável para os quitutes turísticos que costuma-se comer em viagens.

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Mais da arquitetura de Cartagena…
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Ai, meu corassaum…

Depois do almoço ‘típico’, fomos visitar o Museo Naval del Caribe, um edifício histórico (antigo Hospital Naval) de quase 3.500 metros quadrados que conta a história de Cartagena desde os primeiros habitantes – Os índios Caribes. Daí em diante, o museu relata acontecimentos importantes da cidade e do país nas épocas colonial e republicana, passando por ataques de piratas e a independência da Colômbia e de Cartagena.

Particularmente, achei esse museu um tanto quanto chato: o material é quase todo exibido em textos muito extensos, que não atraem a leitura. O visitante acaba ficando com preguiça de percorrer tantos painéis e perde pontos interessantes da história. Vá apenas se tiver tempo: outros museus da cidade e mesmo os tours guiados dão conta de explicar a história da cidade suficientemente bem.

Por fim, para terminar bem o dia, fomos ao restaurante El Balcón, localizado na Plaza de San Diego. Acredito que tenha sido uma das melhores – se não a melhor – escolha gastronômica da viagem: pratos típicos de Cartagena e do Caribe a preços justos, uma atmosfera muito acolhedora e, de quebra, uma bonita vista de uma das inúmeras praças da cidade, super movimentada e apresentações de artistas de rua. Fechamos a noite de melhor forma possível!

Dia 4

Para quebrar a ‘monotonia’ dos passeios pela cidade, o quarto dia foi dedicado a finalmente conhecer o famoso mar do Caribe colombiano. Em tempo: as praias de Cartagena não são lá muito bonitas, então para ver águas verdes e cristalinas você terá que fazer passeios próximos à cidade.

Os mais populares são para as Islas del Rosario, um arquipélago formado por 28 pequenas ilhas – a maioria, privadas – com opções para todos os gostos e bolsos. Um dos mais requisitados é o tour para Playa Blanca, na Isla Baru, um paraíso com areias branquinhas, que estão sempre lotadas de turistas e vendedores um tanto quanto chatos. Há a alternativa de ir somente para Playa Blanca ou antes fazer um mergulho de snorkel nos arredores para observar os peixinhos e corais.

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Céu ou mar?
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Olha a transparência!

O programa é legal, mas acaba ficando meio corrido para quem escolher o passeio combinado. O preço do passeio inclui almoço, mas não o mergulho com o snorkel. E se você quiser ter mais tempo na ilha, pode escolher ficar em uma das muitas opções de resorts que há por lá. Na hora da compra dos ingressos, escolha sempre a opção de ir com os barcos rápidos. É pouca coisa mais caro e você terá mais tempo para aproveitar. Ah, e não se esqueça de comprar os tíquetes SOMENTE no porto. Até há alguns vendedores autorizados vagando pela Ciudad Amurallada, mas nunca se sabe…

De qualquer forma, uma vez que estiver vendo as maravilhosas águas transparente do Caribe colombiano, relaxe: tome uma bebida com guarda-chuvinha e curta a praia numa boa!

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Galera curtindo na Playa Blanca

Depois da maratona tropical, chegamos por volta das 17h horas no porto de Cartagena. Voltamos ao hotel para nos arrumarmos e partimos para o objetivo gastronômico da noite: o restaurante La Casa de Socorro. O local também foi indicação do Vou sem Guia, que, dessa vez, nos decepcionou: comida sem graça e atendimento péssimo, além de o preço não ser lá essas coisas. Minha recomendação: passe longe!

Dia 5

O quinto dia também foi para se perder pelas ruas de Cartagena. Começamos pelo Museo del Oro Zenu, que conta a história das principais culturas pré-colombianas através dos artefatos de ouro e cerâmica que produziam.

Além dos Índios Caribes, que habitavam a região e deram nome ao arquipélago, outra importante cultura que dominou a região foi o grupo Zenu. Além disso, o museu faz exposições periódicas de fotografias, artesanato e outras manifestações culturais que tenham como objetivo conscientizar para a importância dos indígenas na sociedade colombiana. Esse sim vale a pena visitar – e é gratuito!

Dali, partimos para mais um almoço de rua, também acompanhado de cerveja – sempre a Club Colombia. De sobremesa, saboreamos as incríveis paletas da La Paletteria. Desafio você a escolher apenas um sabor. E mesmo se você comer mais de um, com certeza vai querer voltar!

la paletteria
Vai uma paleta aí?

Depois do almoço, era hora de fazer um dos passeios que eu mais esperava: fazer o tour com audioguia La Cartagena de Gabo, da empresa Terra Magna, a mesma que cobre o passeio ao Castillo San Felipe de Barajas. Você pode alugar o audioguia nas guias do castillo e, depois de feito o tour, você pode entregá-lo nas guias ou pedir para buscarem em seu hotel.

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Conhecendo a Cartagena de Gabo…

Esse é um passeio demorado, com cerca de quatro horas de duração: você percorre a cidade descobrindo cada ponto da cidade importante na história de Gabriel García Márquez, e quais locais inspiraram suas histórias e personagens. Impossível não imaginar os personagens de Fermina, Florentino e Juvenal (de O Amor nos Tempos do Cólera) vivendo suas vidas entre as casas e muros da cidade!

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A casa de García Márquez

Ao final do passeio, voltamos ao hotel, nos arrumamos e voltamos à Ciudad Amurallada para jantar no Candé, especializado em frutos do mar. O preço também é meio salgado, mas o local é dos mais aconchegantes e a comida é espetacular. Ponto para Caratagena!

Dia 6

Por incrível que pareça, o passeio a Playa Blanca não foi suficiente para matar nossa vontade do mar caribenho: por isso, no sexto dia voltamos ao porto para fazer novo tour pelas Islas de Rosario, dessa vez com destino a Cocoliso.

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Cocoliso

Cocoliso ,embora tenha as águas menos cristalinas que a Isla Baru, é outro paraíso da região. Pertence ao Hotel Cocoliso Island Resort, assim como outras ilhas do arquipélago. Assim como o passeio anterior, esse era all inclusive, e você pode desfrutar tanto da praia ou ficar nas piscinas do hotel. Foi mais uma chance para descansarmos ao melhor estilo pés-na-areia.

cocoliso
Com cara de ricos ;)

Ao final da tarde, voltamos para a cidade muito descansados para aproveitar nossa última noite em Cartagena. :(

Desta vez, resolvemos entrar de vez no clima da cidade e deixar que a sorte escolhesse nossa última grande refeição: nos perdendo nas ruas de Cartagena sob uma linda lua cheia, acabamos parando no restaurante Chico y Rita – inspirado na animação de mesmo nome. Embora o jantar não tenha sido memorável, a proximidade do fim da viagem deu um gostinho a mais de nostalgia para a refeição. Já não voltamos para o hotel tão felizes assim.

chico y rita
Vista da praça Fernandez Madrid do restaurante Chico y RIta

Dia 7

O sétimo dia foi de despedidas: voltamos uma última vez à Ciudad Amurallada e seus muros, para aproveitarmos aquela calma tão típica de Cartagena. Terminamos nosso passeio visitando a estátua de Catalina, indígena que foi levada à Espanha, estudou, voltou para a Colômbia e passou o resto da vida lutando pela paz entre espanhóis e colombianos.

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Índia Catalina

Difícil descrever o que foi essa semana para mim em Cartagena: uma cidade onde o tempo parece não passar, e que me fez refletir sobre meu modo às vezes meio frenético de viajar.

Só posso agradecer a essa cidade e a esse país por todo o descanso que aproveitei quando estava lá, numa época em que estava tão estressada.

Obrigada, Cartagena, foi uma viagem incrível!







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